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EVENTO DE LANÇAMENTO

Obra abre debate sobre inovação e sustentabilidade no Piauí

Na noite de 11 de outubro de 2025, a Galeria The Doors, em Teresina, transformou-se em um espaço de celebração do conhecimento e do compromisso coletivo com o desenvolvimento sustentável. Foi nesse ambiente criativo que a Editora Lestu lançou a obra “Inovação e Sustentabilidade: desafios, estratégias e casos de sucesso”, reunindo autores, organizadores, pesquisadores, familiares e convidados em uma programação que combinou apresentação da obra, bate-papo e sessão de autógrafos.

Fruto da parceria entre os professores doutores Indira Bezerra (UESPI), Luana Alves (UFPI) e Helano Pinheiro (UESPI), a coletânea marca um ponto de inflexão na produção editorial acadêmica do Piauí ao propor uma abordagem integrada entre inovação, sustentabilidade, gestão e impacto social. Organizado em 12 capítulos assinados por autores de diferentes áreas, o livro oferece uma análise crítica das estratégias e práticas que buscam conciliar desenvolvimento organizacional e responsabilidade socioambiental.

Durante o lançamento, a professora Indira Bezerra destacou a força coletiva que possibilitou a concretização da obra. Em sua fala, ela fez questão de valorizar o trabalho dos autores que aceitaram compor a coletânea, vindos de diversas instituições e regiões do Brasil e também do exterior. “Sem eles, realmente a gente não conseguiria finalizar e concretizar esse livro”, afirmou. A obra reúne contribuições de pesquisadores da UFPI, IFPI, UESPI, da Universidade Federal do Paraná e até de autores de universidades portuguesas. Por causa desse caráter que atravessa as fronteiras do Piauí, a circulação nacional da obra já é uma realidade. “E a gente já percebe que o livro traz um tema que merece atenção e destaque”.

Indira também ressaltou a relevância e a experiência técnica dos participantes: “Reunimos autores que têm muita relevância e expertise nas áreas em que escreveram. Então, muito obrigada por terem acreditado nesse projeto”.

Na sequência, ela dedicou um agradecimento especial ao NEPIS – Núcleo de Estudos e Projetos em Inovação e Sustentabilidade, e ao professor Helano Pinheiro, coordenador do grupo, que, segundo Indira, “sempre apoia, que sempre acredita nos nossos projetos voltados à inovação e sustentabilidade”.

A organizadora fez questão de frisar que este é “o primeiro livro publicado no Piauí sobre a inovação e sustentabilidade” e que a escolha dos organizadores refletiu uma preocupação com a curadoria textual, a qualidade científica e o propósito coletivo da obra. “Essa obra reúne autores que valorizam a inclusão social, que valorizam o cuidado com a natureza, o cuidado com o propósito socioambiental. São autores que enxergam e têm uma consciência em termos de capitalismo consciente”. E completou: “Não é uma obra só do NEPIS, da UESPI ou da UFPI. Essa obra é da sociedade e para todas as pessoas e instituições que se interessem pelo tema”.

Ao mencionar a Editora Lestu, Indira destacou a parceria já consolidada com a professora Kelma Gallas: “Ela é uma profissional muito competente, que vem nos ajudando. É uma editora diferenciada, tanto no sentido de propagação da obra como também de curadoria da obra e de revisão. E a quem eu posso indicar, eu indico. Muito obrigada, Kelma”. Agradeceu ainda ao empresário Marcélio Lima Nascimento, proprietário da Galeria The Doors, que cedeu o espaço para o lançamento: “Ele é sempre um apoiador e um entusiasta da inovação”.

A obra nasceu de um esforço coletivo

A professora Luana Alves, docente da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), no campus de Floriano, também assina a organização. Ela enfatizou o desejo de reunir reflexões que rompessem com a visão tradicional de gestão empresarial, apresentando alternativas ancoradas em justiça social e responsabilidade ecológica. “Queríamos que o livro não fosse apenas teórico, mas que trouxesse exemplos reais, especialmente do Piauí. Nosso objetivo era mostrar que é possível pensar outras formas de economia, de gestão, de produção, mais humanas e sustentáveis”, afirmou.

Responsável pela curadoria textual e pelo acompanhamento editorial, Luana relatou os bastidores da construção da coletânea. Segundo ela, um edital público lançado em julho de 2024, convocou pesquisadores interessados em debater inovação com base em experiências concretas, sobretudo piauienses.

A proposta, desde o início, era construir uma obra que dialogasse com a realidade concreta do Piauí e que oferecesse exemplos tangíveis de inovação e gestão. “A gente queria discutir casos reais, exemplos reais e, principalmente, exemplos que trouxessem um pouco da realidade piauiense para que as pessoas pudessem conhecer outras formas de economia, outras formas de gestão, que não fosse a gestão como a gente conhece no mainstream da administração, enfocando sobretudo a questão da sustentabilidade”, explicou.

Luana destacou que o projeto foi guiado por uma ética editorial clara: reunir contribuições que não apenas refletissem a complexidade dos desafios contemporâneos, mas que também provocassem mudanças ou projetos de ação. “Buscamos reunir contribuições que inspirem ação nas empresas, nas universidades, nas políticas públicas e nos territórios”, afirmou. Para ela, o livro nasce como uma proposta formativa e transformadora, comprometida com a difusão de práticas sustentáveis que sejam enraizadas nas realidades locais e sensíveis às demandas sociais e ambientais dos territórios do semiárido.

Os autores e suas ideias

Durante o evento, autores como Marina Bezerra (IFPI), Pedro Yan Gomes e Jéssica Oliveira compartilharam com o público os bastidores de seus respectivos capítulos, reforçando o caráter prático e dialógico da publicação. Essa etapa foi conduzida pelo professor Helano Pinheiro, um dos organizadores da coletânea.

A primeira a compartilhar as suas impressões foi a professora Jéssica Oliveira Soares, coautora do capítulo 5, Organizações das novas economias, destacou o papel transformador das práticas econômicas alternativas, como o cooperativismo, a economia solidária e o empreendedorismo de impacto. Segundo Jéssica, essas experiências desafiam a lógica do lucro imediato e propõem uma nova racionalidade econômica, centrada no cuidado, na coletividade e na sustentabilidade. “Estamos diante de uma mudança de paradigma: é possível pensar modelos de organização produtiva que dialoguem com o bem viver, com os territórios e com a justiça ambiental”, concluiu.

A professora Indira Bezerra também falou sobre o seu capítulo 6, Desvendando a inovação social: ideias que mudam o mundo, elaborado em parceria com Andréa Paula Segatto e Mayrane Gabrielly Dias da Cruz. O capítulo propõe uma reflexão crítica sobre o conceito de inovação social, ampliando seu entendimento para além da aplicação de tecnologias ou métodos de gestão. Conforme Indira, nesse trabalho, as autoras sustentam que inovar socialmente significa produzir respostas concretas para problemas coletivos, a partir de iniciativas que rompem com as soluções tradicionais, promovendo transformações sustentáveis nos territórios em que se inserem.
A análise parte de uma revisão teórica que articula autores como Geoff Mulgan, aproximando o conceito de inovação social de práticas como cooperativas, associações, arranjos produtivos locais e iniciativas comunitárias. Indira Bezerra chama atenção para o fato de que, apesar de seu potencial transformador, muitas dessas práticas ainda são invisibilizadas por políticas públicas e programas de fomento que privilegiam soluções mercadológicas. Para ela, “as ideias inovadoras que se configuram como socialmente relevantes não surgem apenas em ambientes formais de pesquisa e desenvolvimento, mas nos cotidianos marcados por desigualdades, onde a criatividade se torna estratégia de sobrevivência”, explica. O trabalho valoriza, assim, a escuta ativa dos sujeitos e reconhece as potências locais como motores de mudança, reposicionando a inovação como prática ética, política e profundamente comprometida com a justiça social.

A professora Marina Bezerra da Silva, doutora em Ciência da Propriedade Intelectual pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e docente do Instituto Federal do Piauí (IFPI). Marina apresentou seu capítulo intitulado “Indicações geográficas e produção artesanal: um olhar à luz da literatura internacional e do caso da Comunidade Quilombola dos Potes“, onde analisa a relevância da valorização dos saberes tradicionais como ferramenta de desenvolvimento socioeconômico. Na sua fala, Marina destacou como as indicações geográficas podem fortalecer comunidades vulnerabilizadas e ampliar o reconhecimento de sua identidade cultural e produtiva.

Na sequência, o pesquisador e professor de Geografia Pedro Yan Gomes Carvalho abordou as reflexões presentes no capítulo 9, O Estado e a Sustentabilidade: os desafios do Piauí no ODS-6 da Agenda 2030. Em sua fala, Pedro enfatizou que o acesso à água potável e ao saneamento básico permanece como uma das principais barreiras ao desenvolvimento sustentável no estado. “A ausência de planejamento hídrico adequado e as limitações estruturais de investimento agravam a desigualdade e comprometem o cumprimento das metas da Agenda 2030”, afirmou.

E por fim, Luana de Oliveira Alves e Dieison Casagrande apresentaram o Capítulo 12 da coletânea, intitulado “Portas Abertas: Explorando Caminhos para o Acesso ao Mercado de Turismo de Base Comunitária”, construído em parceria com Carla Regina Pasa Gómez.
O trabalho investiga o potencial transformador do Turismo de Base Comunitária (TBC) como alternativa econômica e social que rompe com a lógica excludente do mercado tradicional de turismo. Baseado em um estudo de caso, os autores defendem que o TBC deve ser compreendido como estratégia de fortalecimento comunitário, gerando renda, preservando culturas locais e promovendo a autonomia dos territórios. Para Luana Alves, um dos maiores desafios é o acesso ao mercado, que envolve questões de governança, qualificação, infraestrutura e visibilidade. “O TBC representa uma possibilidade concreta de promoção do desenvolvimento local sustentável, desde que as comunidades tenham acesso aos meios de produção, comercialização e visibilidade de seus produtos e serviços”, afirma. Para Dieison Casagrande, o capítulo apresenta propostas para ampliar o alcance dessas iniciativas, como a construção de redes colaborativas, o uso de plataformas digitais e o fortalecimento das políticas públicas voltadas ao setor.

Um marco na produção editorial acadêmica do Piauí

Com 387 páginas e formato digital, a obra apresenta estudos que dialogam com desafios contemporâneos da sustentabilidade nas organizações públicas e privadas. Temas como governança ambiental, economia criativa, propriedade intelectual e a inserção das ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) nas políticas institucionais são discutidos com base em experiências locais.

Para Kelma Gallas, editora da Lestu, o diferencial da obra também está em sua circulação: “A Lestu nasceu com o propósito de tornar a produção acadêmica mais visível, indexada, reconhecida. Nosso trabalho não termina na publicação: fazemos com que o autor apareça junto com sua obra. As publicações circulam em redes acadêmicas, estão presentes em sites, motores de busca e redes sociais, aumentando seu alcance e impacto.”

Download gratuito e livre acesso

O livro está disponível em formato open access e pode ser baixado gratuitamente no site da Editora Lestu. A opção por acesso livre reflete o compromisso com a democratização do conhecimento e o fortalecimento das redes de pesquisa.

📖 Acesse: www.lestu.org

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