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Campos Magnéticos, de Stefan Mayer, é o novo lançamento da Lestu

A arte invisível, tecida a partir de campos magnéticos, desafia os sentidos da percepção humana, e se constitui um novo e vasto domínio da arte contemporânea a ser desbravado. O trabalho de Stefan Mayer exemplifica essa inovação, instigando novos rumos para a percepção. Em Campos Magnéticos – Magnetfelder – 1992-2023“, o mais novo lançamento da Lestu (2024), Stefan Mayer reúne uma coleção de análises críticas sobre o seu trabalho. Professores, jornalistas e artistas se reúnem para produzir uma exploração fascinante desse conceito. Disponível para leitura e download na livraria da editora, o livro convida os leitores a mergulharem nesse universo invisível e a descobrir as múltiplas camadas de significado e percepção que ele oferece.

Stefan Mayer é um artista cuja obra explora a interação entre campos magnéticos e arte desde a década de 1990, quando ainda era estudante universitário. Como artista, ele se dedica a investigar como os campos magnéticos podem ser visualizados e experimentados de formas inovadoras. Mayer utiliza ímãs e outros dispositivos para explorar o campo magnético da Terra, um fenômeno que resulta de processos internos do planeta e que se manifesta em várias anomalias. Em suas obras, os campos magnéticos não são apenas fenômenos físicos; são elementos usados para criar experiências que transcendem a visão e o toque, oferecendo uma dimensão sensorial que exige do observador um novo modo de interação e compreensão.

Steyer W. Mafan diz que o catálogo oferece uma visão geral de uma área específica do trabalho artístico de Stefan Mayer, que lida com os limites da visibilidade de diferentes maneiras: “Os cerca de 25 trabalhos e séries, que abrangem um período de mais de 30 anos, mostram claramente as várias dimensões do trabalho com campos magnéticos”. Um exemplo é a série “Parasitas”, em que objetos são recobertos por fios de cobre, se tornando condutores. “As propriedades do portador do enrolamento se tornam o fator decisivo para a qualidade e as propriedades do campo resultante. A forma e o tamanho do hospedeiro determinam a extensão e a força do campo gerado pelo parasita (o enrolamento)”, diz. Sobre esse projeto, Christiane Fricke explica que ele “desenvolve pequenos eletroímãs que precisam de um portador, ou seja, um chamado ‘hospedeiro’, para assumir sua forma e, portanto, sua função”. Esses parasitas são instalados em diferentes locais do mundo, criando campos magnéticos temporários que interferem com o campo magnético natural da Terra.

Explorando a temática das polaridades, Christiane Meyer-Stoll destaca que “a polaridade é um padrão básico essencial de nossa experiência física e psicológica do mundo”. Nos projetos “Campo Magnético Concêntrico” realizados em 1992, no Brasil, Mayer busca a reestruturação do campo magnético da Terra, determinada pelo local. Nesse projeto, o artista redefiniu a orientação espacial ao criar estruturas magnéticas concêntricas em São Paulo e Teresina, desafiando a percepção tradicional de norte e sul. Meyer-Stoll observa que “o fascínio que emana dos campos de força invisíveis dos polos magnéticos, além do efeito visível da atração do ferro, encontra-se precisamente no contraste entre a matéria e o efeito imaterial, o que faz com que o magnetismo pareça predestinado a um papel de mediação entre os mundos material e espiritual”.

Investigando as estruturas magnéticas variáveis, Martina Fuchs ressalta que, no trabalho de Stefan Mayer, os núcleos metálicos não têm apenas uma função estética, mas literalmente formam a “peça central” de toda a construção – dez ímãs permanentes. “Cada visitante da exposição pode determinar o efeito deles no espaço com a ajuda de uma bússola simples, cujo funcionamento é baseado no fenômeno natural do magnetismo da Terra”. Fuchs destaca que a intervenção que Stefan Mayer realiza com sua obra “Variable Magnetic Structures” (Estruturas magnéticas variáveis), no Straubinger Schlachthof, “aborda essas estruturas polarizadas, que se tornam reconhecíveis como fenômenos globais e, ao mesmo tempo, trabalha subversivamente contra elas: o móvel exemplifica, assim, a variabilidade e a mutabilidade das estruturas globais”.

Marietta Schürholz descreve o “Gerador de Campo”, outro projeto de Stefan Mayer, como uma instalação que “consiste em um grande tambor com seis fusos enrolados em fio de cobre em seu centro”, criando um campo magnético que “se sobrepõe ao campo magnético da Terra em uma área estreitamente definida e direciona as linhas de campo para si mesmo”. Essa obra permite aos visitantes perceber a presença de campos magnéticos invisíveis através de uma bússola. Mas, em “De Magnete”, Martina Fuchs observa que as obras de Mayer “não são apenas esculturas que têm uma função estética, mas também são ímãs que geram um campo magnético invisível que se sobrepõe ao campo magnético natural da Terra”. Ela destaca que a exposição combina “esculturas visíveis e invisíveis”, permitindo aos visitantes explorar os campos magnéticos com a ajuda de uma bússola. Em outro projeto que explora a temática dos anéis, “Ringfeld”, Fuchs comenta que a estrutura é inspirada nos labirintos encontrados em igrejas e cria um campo magnético que muda a orientação do espaço, visualizável com uma bússola: “e se tivermos em mente que um labirinto é um sistema intrincado de caminhos que transforma a entrada, a saída ou a passagem em um enigma, poderíamos nos sentar e afirmar que o objetivo do trabalho de Stefan Mayer é permanecer enigmático”.

A instalação “GegenFeld” é objeto de análise de Nicole Frenzel. Nessa obra, Mayer utiliza bobinas magnéticas para inverter a orientação do campo geomagnético local. “Mesmo que isso não tenha se manifestado visualmente, as etapas de sua abordagem artística tornaram-se óbvias e compreensíveis com base nos elementos dispostos na sala”. Frenzel destaca que os visitantes foram convidados a experimentar formas incomuns de percepção para reconhecer e experimentar mudanças tangíveis no espaço além do visível: “os efeitos da intervenção no campo geomagnético local do Projektraum não eram visíveis para os visitantes. Entretanto, os objetos instalados indicavam que havia ocorrido uma intervenção fundamental na estrutura do espaço. Os visitantes foram convidados a experimentar formas incomuns de percepção para reconhecer e experimentar mudanças tangíveis no espaço além do visível”, disse.

O trabalho de Stefan Mayer com campos magnéticos exemplifica a capacidade da arte de transcender as limitações visuais e materiais, convidando o público a explorar as profundezas invisíveis da realidade física. Suas obras, ao combinar elementos científicos e artísticos, proporcionam uma reflexão profunda sobre a interação entre o mundo natural e as construções humanas, oferecendo novas maneiras de entender e experienciar o espaço e a orientação.

Siga o autor no Instagram: @nonvisual
Acesse o site de Stefan Mayer

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