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“Corpo, Sexo, Gênero: Estudos em Perspectivas” é publicado pela Lestu

Corpo, Sexo, Gênero – Estudos em Perspectivas” é a primeira publicação da Lestu Publishing Company em 2022. A coletânea junta-se a uma extensa produção acadêmica de Fabiano Gontijo, Doutor em Antropologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, e Professor Titular na Universidade Federal do Pará (UFPA). Este é o quarto livro de Fabiano, que também é autor de “O Rei Momo e o Arco Íris. Homossexualidade e Carnaval no Rio de Janeiro” (Editora Garamond), e “Corpos, Apparences et Pratiques Sexuelles: socio-anthropologie des homosexualités sur une plage de Rio de Janeiro“, publicado em 1998 pela Editora GKC, na França, e “Queer Natives in Latin America: Forbidden Chapters of Colonial History” (Editora Springer), em parceria com Estêvão Fernandes e Barbara Arisi.

Nesta obra que reúne pesquisas em diversas áreas do conhecimento, o foco principal é a discussão do corpo, sexo e gênero sob uma perspectiva interseccional em diálogo com os estudos de gênero, teoria queer e/ou com os estudos pós-coloniais. A obra contempla, sobretudo, a diversidade das experiências sexuais e de gênero em áreas urbanas e rurais, em contextos interioranos e periferizados e/ou, ainda, situações etnicamente diferenciadas no Brasil contemporâneo.

Para Fabiano Gontijo, organizador da obra, “Corpo, Sexo, Gênero: Estudos em Perspectiva reúne um conjunto de onze textos elaborados por antropólogas/os/es, sociólogas/os/ues, comunicólogas/os/ues e historiadoras/es que atuam nas regiões Norte e Nordeste e que, em suas pesquisas, de forma original e criativa, vêm questionando os arbitrários culturais que estão na base de alguns sistemas ideológicos de hierarquias de opressão, tais como a homofobia, o racismo, o sexismo, o capacitismo, dentro outros, e suas atuações interseccionalizadas”.

Para o pesquisador, é importante interpelar a forma como as fronteiras da diferença são constituídas ou a maneira como se dá a construção de valores e normas que regulam a vida das pessoas em suas práticas cotidianas. Nessa perspectiva, para o organizador, o livro traz um conjunto de reflexões oriundas de resultados de pesquisas. “Nem todas realizadas nas regiões Norte e Nordeste, mas todas portadoras de um olhar bem peculiar, um olhar eminentemente marcado pelos modos críticos e reflexivos de produção de saberes desde as margens do conhecimento científico hegemônico”, sintetiza.

OBRA REÚNE PESQUISADORES DO PIAUÍ E PARÁ

Os autores presentes na coletânea situam-se no Piauí, estado do nordeste brasileiro, e no Pará e Rondônia, estados situados na região norte do país. Como diz Estevão Fernandes, professor do Universidade Federal de Rondônia (UNIR), que assina o prefácio da obra, trata-se de “um mergulho no norte e no nordeste profundos, em recantos que simplesmente não existem para quem pesquisa o tema nos grandes centros. Me refiro ao Pará, ao Piauí, a Rondônia”.

São onze capítulos enfocando aspectos singulares da cultura de um Brasil tão diverso quanto conflituoso. Afinal, como diz Estevão Fernandes, “as periferias são laboratório de experimentação da modernidade”: “Jagunços? Temos! Coronelismo? Temos! Sites de notícias sustentados por políticos locais com fotos explícitas de gente morta? Temos! ‘Gente de bem’ ávida por consumir isso e por manter as coisas exatamente como estão? Adivinhe… temos, também! A mensagem de cada um destes capítulos é que tudo isso tem a ver com gênero e sexualidade, justamente por evidenciar a exclusão racial, o apagamento étnico, a subalternização de classes, o ocultamento de histórias, a reelaboração de um sistema moral voltado para a manutenção dessa ordem social”, explica.

Giovane Pereira, mestrando em Comunicação pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), e um dos autores presentes na coletânea, diz que participar da coletânea possibilitou interagir com as perspectivas trazidas pelos demais autores e autoras.

Para Geovanne Pereira, Compartilhar de um espaço em que as múltiplas vozes e sujeito(a)s puderam e fizeram ecoar corpos e corporalidades, jeitos e polijeitos, ditos e não ditos, desejos e segredos me fazem girar na encruzilhada. “Isso me impulsiona a acreditar que os caminhos, disponíveis para liberdade de poder ser/estar pelo mundo sem medo, estão se movimentando… No fazer ciência têm cheiros, núcleos, nomes e endereços, e, se hoje falar de coisas de homem e de mulher (e de tudo que podemos ser) possui terreno no campo do saber científico, esse livro, sem dúvidas é um pedacinho disso, ainda mais com os temperos do norte e nordeste brasileiro”, disse.

Outro autor presente na coletânea é Felipe Damasceno. Ele concorda com a perspectiva de Geovanne. “Considero bastante oportuno poder contribuir com este dossiê que traz abordagens de grande fonte social”. Sua parceira na pesquisa, Kamila Sastre, completa que quanto mais conhecimento, melhor: “conhecimento bom é conhecimento completo”, assevera.

Isadora Morais, doutoranda em Antropologia Social pela Universidade Federal do Pará (UFPA), apresenta em seu capítulo, ainda que de forma inicial, um pouco da sua pesquisa de doutoramento acerca da trajetória da artista paraense Julieta de França. No trabalho, Julieta de França é o fio condutor para se pensar o trabalho feminino de forma mais ampla. “Esse trabalho parte de uma perspectiva feminista e do desejo de uma cultura filógina. Penso que pesquisas que se debruçam sobre a vida, obra e memória de mulheres de diversas temporalidades e espaços vão ao encontro da ideia do prof. Fabiano quando almeja na apresentação deste livro: ‘que a leitura desses textos nos ajude a pensar, coletivamente, num mundo melhor e mais feliz, comum a todas / os / es’”, diz a autora.

Para Edson Cavalcante, o Brasil tem outros brasis que essa pesquisa revela. “O Brasil profundo não esconde as suas vísceras, que não destoa de seu centro para suas extremidades. Sarita da Sete é uma personagem ímpar na história desse Brasil sintomático que não conhecemos e que não queremos conhecer”, disse.

Autor de uma pesquisa sobre “Sarita das Sete’, uma travesti do norte do país, Edson diz que escrever sobre ela foi levar para o centro, “a discussão teórica em vista a uma práxis revolucionária que busque vencer a marginalidade, a exclusão e o silenciamento em torno de tantas vozes periféricas que estão todos os dias nos cruzamentos e nas esquinas de cada cidade brasileira. São dramas que não enxergamos além de nossa bolha semiótica, mas que podem nos contar ricas histórias de vida”, explica.

 

CONHEÇA A OBRA

CORPO, SEXO, GÊNERO: ESTUDOS EM PERSPECTIVA
Coletânea organizada pelo prof Dr Fabiano Gontijo (UFPA)
ISBN: 978-65-996314-2-9
DOI: https://doi.org/10.51205/lestu.978-65-996314-2-9
* OBRA + CAPÍTULOS (LIVRARIA)
* VERSÃO PAGINADA (HTML)
* FICHA TÉCNICA

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CORPO, SEXO. GÊNERO: ESTUDOS EM PERSPECTIVA 

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